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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Ele nunca teve escolhas

Sebastião de Jesus tinha 22 anos, era preto, quase escravo, bebia, fumava, roubava para comer e servia aos seus.

Não conhecia o pai, não sabia quantos irmãos tinha ao certo, era batizado mas não rezava, não praticava esportes, mas corria muito rápido. Nunca teve escolhas, sobrevivia desde seu primeiro dia no mundo

Aprendeu a atirar, sabia golpear com facas, adagas e até espada, tinha em seus ombros incontáveis vidas de inimigos anônimos, todas essas sem nenhum peso em seu coração.

Em uma tarde de dezembro foi cercado e morto, sofreu, foi espancado, torturado e não teve nenhum julgamento oficial. Ele não foi executado por justiceiros, polícia ou pela população enfurecida depois de mais um linchamento.

Sebastião, preto, pobre, bêbado, fumante, ladrão, assassino, foi enterrado no mesmo local, com honras militares e a bandeira do Brasil. Era mais um herói de guerra no Paraguai. Ou seria mais uma vítima?