E o dia amanheceu!
O grito de gol ainda está arranhando a garganta, pobre, cansada de tantos gritos, palavras apaixonadas e doses e mais doses de várias bebidas, que após os quarenta e cinco minutos de bola rolando, acabou sendo parte do combustível (literalmente) para um fogo amarrado de felicidade. Coitada da garganta, cadê a voz, a sobriedade? Perdidas em cada esquina da cidade, em cada sorriso estampado nesta tarde que parece quarta-feira de cinzas, perdida na capa do jornal, que estampa as manchetes de uma noite que será lembrada para sempre.
As emissoras de rádio não cansam de repetir os gols, o pênalti defendido ainda no primeiro tempo, as entrevistas, comentários, não existe outro assunto na cidade. Alguns exibem suas camisas ainda cheirando a suor e álcool, outros desfilam em seus veículos com bandeirolas e a conversa da praça ainda é o segundo gol da vitória, um lance que definitivamente ninguém vai esquecer.
Quanta honra, se já não bastasse vencer o maior rival (considerado favorito), o duelo ainda foi transmitido pela televisão, como ficou bonito aquela camisa azul, com a faixa na transversal branca, como ficou linda a festa dos torcedores no estádio com incontáveis bandeiras agitadas, como foi bacana ver a saída dos mais de cem ônibus de torcedores e a chegada dos mesmos, na mais completa algazarra, com cânticos e rojões.
E pensar, que quando tudo começou, teve um treinador que queria mandar o time inteiro embora... Que quem acabou assumindo o comando foi um ex-jogador, ainda novato na profissão de treinador, mas que já começa como um verdadeiro campeão, seguindo exemplos positivos de outro grande nome que não pode ficar na equipe, mas que deve estar comemorando como nunca, não é mesmo “Seu Henrique?” E lembrar, que neste mesmo ano, perdemos de uma forma triste e brutal, um dos nossos grandes ídolos, que saudades Ivan da Cunha! Era um ano que tinha tudo para não dar certo, mas esqueceram de avisar isso a um grupo de atletas unidos, onde cada qual sabia até onde poderia ir, e até onde dar o algo a mais das equipes vencedoras. Não avisaram também o presidente, que já começou ganhando em uma das eleições mais concorridas do clube, e que ao lado de outros grandes lutadores fez acontecer essa realidade, essa linda realidade.
Cada jogador: Vagner, Ari, Julião, Bothu, Buzuca, Cleto, Taino, Piorra, Amaury, Betinho, China, Antônio Carlos, Alfredo, Paulão, Goes, Joaldo, Banha, Clóvis, Jovelino, Adílson, Mario, Luciano, e todos os outros, que pela memória ainda em estado de graça tenha esquecido, serão eternos heróis do Alviazul. Campeões de um título que ficará na memória, desde o começo do campeonato irregular, da deslanchada do segundo turno e na segunda fase, da goleada em Guaratinguetá, da vitória diante do Santo André e da certeza que o título não iria para a cidade vizinha e muito menos para o ABC Paulista. Vocês são heróis e merecem, devem ganhar títulos vitalícios de um clube que volta para a primeira divisão e que não pára de crescer, do clube forte, que em uma das regiões mais valorizadas de Taubaté, constrói sua belíssima sede social.
Esse título é também para cada torcedor, para o Maciel, que desde a surra em Paraibuna (em 76) não arreda o pé e com a "Camisa 14" embala a multidão, junto com o Zé de Andrade e a Dona Ditinha. E o pessoal da "Explosão" também levanta esse caneco junto, com muito pó de arroz e poropópó!!!!
Agora, é pensar lá na frente, não é mesmo presidente Lolito ( que entrou para história também, o presidente campeão), vamos juntar capim para o Burro da Central, arregaçar nossas mangas e fazer com que alvinegros de Parque São Jorge e da Vila, alviverdes, rubro-verdes e tricolores sintam desespero quando tiverem que pegar a Dutra e encarar o nosso Gigante do Vale.
O futuro está ai, 1980 está chegando e o Taubaté é novamente um time de primeira!
Não...
Esse texto não foi escrito após a inesquecível decisão contra o São José, no dia 29 de novembro de 1979 no Palestra Itália.
Trata-se de um texto escrito na madrugada desta terça para quarta-feira (07/03/2012)
Para que, o leitor saber que o Taubaté está acabando?
Que é super candidato ao rebaixamento para a quarta divisão, que cada um, profissional ou amador, que está lá hoje, também entrará para a história do quase centenário clube, mas da pior forma possível, desde o presidente até o roupeiro como responsáveis pela maior vergonha de todas: cair para a última divisão do futebol paulista.
Melhor recordar nossa história, lembrar de fatos que enobrecem a camisa, das glórias perdidas em um passado cada vez mais distante. Com lágrimas nos olhos, vejam a camisa azul e branca, mirem o estádio Joaquim de Morais Filho, enquanto ainda existe, pois do jeito que vai, logo acaba.
Talvez, como já me disseram muitos, melhor sonhar acordado com o passado, infelizmente, o futuro não está mais aqui, como em 1980.
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