A pedra do paralelepípedo da rua agora é seu fim. Não havia mais tempo para lágrimas, lamentos, tristezas, sonhos que se acabaram no tempo, no trabalho, na rua, em um triste quarto de pensão. A queda é libertadora, em poucos segundos filmes em preto e branco, histórias em tom cinza, que ganham cor apenas no sangue, cheiro de morte.
Cansou de tentar lutar e sorrir, perdeu o encanto na única doce companhia, até mesmo café forte e sem açúcar, agora mais parece uma água quente, não tem mais livros, não tem para quem escrever cartas, a meia que deveria esquentar os pés estão úmidas, o único sapato furado não é capaz de mantê-los aquecidos.
Lembrou de sua juventude, das danças, do carnaval, das namoradas, daquele gol inesquecível, do filme de Mazarroppi, das noites de vinho, músicas e a até mesmo das confusões juvenis.
Pensou no velho pai, que partirá há tanto tempo, na bondosa mãe que não suportou perder o filho caçula na guerra e na esposa, única que amou, que também partiu em uma noite fria, sem avisar, lentamente, não acordou na manhã seguinte.
Sem filhos, sem amigos, quase nenhuma dignidade. Naquela tarde, recebeu o aviso de despejo, a pedra de paralelepípedo foi a última visão... Seu Umberto tentou voar do quarto andar, mas seus sapatos estavam furados.
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