Ela caminhava sozinha, o vento refrescava o fim da tarde, barulho apenas do mar, naquela praia calma e tranquila, afastada do centro de Ubatuba. Caminhava na areia batida, balançava os cabelos negros, no peito alguns amores, perdidos, vencidos, queridos e amados. Pensava principalmente no filho, uma criança feliz e saudável, tinha saudades, mas sabia que em poucos dias estaria abraçada ao garotinho. Cansou dos sonhos distantes, das promessas noturnas, das palavras ao vento, queria crescer, ser, mais que viver.
Fez tudo que queria fazer ao longo de seus trinta e poucos anos de vida, morou no exterior, transou experiências espirituais, experimentou fumaças e pílulas, bebeu, não cantou, mas escreveu. Fez sexo, amor e passou raiva, algumas vezes mais raiva.
Naquele começo noite que chegava, olhava para o mar e dentro de seu coração havia um sorriso. O gole gelado da água de coco era quase sagrado e uma lágrima desceu aos olhos... Eram lágrimas de felicidades, de uma mulher que sabia exatamente o que buscava e queria, certa que muitos tropeços estavam por vir, mas com um pouco mais de sabedoria e quem sabe um novo amor
A noite ouviu Tim Maia, Nação Zumbi, Cazuza, Cartola e Rolling Stones. Tirou fotos, falou e ouviu bastante, dançou lindamente, sorriu, não deu bola, mas algumas risadas. Sabia ser uma das mais belas mulheres do local.
Ao subir a serra voltou para a realidade da pequena selva de pedra, ¨caipiramente agitada¨, cheia de curvas e rotatórias. Comeu metade de um sanduiche, ouviu uma música sem graça, quase suspirou, pensou em uma carta de amor velada, beijou o filho e dormiu tranquilamente, afinal, segunda-feira era dia de trabalho.
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