Ela nunca foi uma pessoa pontual, não era a mais bela das moças do bairro e muito menos das mais feias, tinha seu charme, ruiva, olhos claros. Bebia, fumava, gostava da noite, personalidade forte, inteligente, geniosa, muitas vezes até assustava seus amigos, amigas e admiradores.
Um dia, Fabiana conheceu Orestes...
Moço alto, cabelos claros, inteligente e com ideais semelhantes aos dela. Não era muito da noite, calmo, bem humorado e com o coração machucado. Um rapaz muito educado, gentil e simples. Havia sido abandonado por outra mulher, depois de alguns carnavais, tinha o sofrimento no olhar.
Dançaram uma vez, ela um pouco “alta” pelos drinques que já havia tomado, ele também. Era uma música antiga, eles se beijaram...
E beijaram outras tantas vezes e muitas vezes...
Ela sonhou com um mundo melhor, ele também acreditava no justo, com igualdade para todos, com dias felizes. Lutavam por eles, por familiares e amigos, por todos. Um dia esse sonho trincou. O mundo deu “passa moleque” e ambos ficaram tristes e perdidos.
Orestes, ainda muito magoado daqueles antigos carnavais, foi aos poucos deixando Fabiana, esquecendo-se de sua presença, de seu cheiro e riso. Ela não queria aceitar, também tinha um coração baqueado, mas acreditava no olhar dele, para ela, aquele olhar melancólico, era o melhor do moço.
Fabiana não desistiu, recusou-se a jogar a toalha. Buscou, escreveu, sorriu e até chorou...
Ele foi ficando cada vez mais indiferente, distante, parecia que nunca havia conhecido aquela moça. Ela sofreu, ainda sofre, mas mudou a cor do cabelo, conheceu outras pessoas interessantes, continua tomando sua cerveja, ouvindo suas músicas, sorrindo para os amigos e de vez em quando, até recebe uns convites pra dançar...
Fabiana tinha muitos defeitos, o pior era não saber esquecer...
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