quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vai começar de novo!

É sempre assim, chega o ano novo e lá vêm as mesmas frases: “Faz mais de vinte anos que eu ouço a mesma história, desta vez vai”, “montaram um time forte desta vez”, “dizem que o goleiro e o centroavante são muito bons” ou a pior delas: “largue mão disso, não vai pra frente”.

Até parece um filme daqueles que você sabe até a fala dos personagens, mas que sempre assiste, não importa quantas vezes. Seria então um vício, mania, teria alguma palavra para descrever essa mesma história que se repete há tantos anos? Pessoas de diferentes personalidades, idades, sexo, religião, conceitos e até pré-conceitos, trocam um domingo ou até mesmo um fim de semana para acompanhar um simples clube de futebol.

Vai começar novamente, e milhares de corações apaixonados irão deixar seus afazeres, amigos, esposas e maridos, filhos, namoradas e namorados, pais, irmãos, a vida e durante um ou dois dias da semana estarão com seus olhos voltados a um time de futebol que há anos não oferece uma alegria de verdade, que pelo contrário, que machuca que faz sofrer e chorar, que faz acreditar que o acesso da última divisão é o algo verdadeiramente grandioso diante de sua história quase centenária.

A bola vai rolar pelos campos do interior. Mais uma vez o Esporte Clube Taubaté buscará seu lugar ao sol, sua honra tão perdida que chega a ser preciosa demais. Muitas pessoas, pessoas que você gosta, que freqüenta suas reuniões familiares, sua casa, sua vida, estarão mais uma vez acreditando em algo muito difícil. São guerreiros, pessoas que sonham, com sensibilidade e verdade. Pessoas que não renegam suas raízes.

São onze jogadores para cada lado, trata-se de um jogo, a linha que separa o vencedor do derrotado é tênue e o esporte fabrica vilões e heróis e os transformam da noite para o dia com uma velocidade espantosa. E mesmo assim, sempre teremos corações de verdade pulsando em azul e branco. Poderia escrever sobre o desenho tático da equipe, as opções do técnico Paulo César, as contratações da diretoria, do trabalho do presidente ou até mesmo da força de vontade dos atletas. Escrever, ou relembrar os poucos momentos mágicos, como em uma noite de novembro de 1979, ou a camisa zebrada campeã de 54. Talvez, seria mais interessante informar quem são os atletas, como foi a pré-temporada, quem discutiu contrato caro, quem fez isso ou aquilo. Mas não é esse o objetivo, em hipótese alguma.

Este texto é para aqueles que estão agora lendo estas linhas e relembrando seus momentos ao lado do Burro da Central. Aqueles que estão afastados e tristes, que cansaram, que olham para aquele estádio velho na John Kennedy e pensam: “tai um lugar que eu nunca vou entrar” Os guerreiros (ou malucos) que foram citados no início deste texto, não precisam ler esta coluna, eles fazem algo bem melhor e mais real: eles vivem.

Se você, não quer mais viver este sentimento tão paradoxo, amar o quase sempre perdedor, que já passou por boas e más nas arquibancadas do “Gigante de Concreto do Jardim das Nações” ou as saudosas arquibancadas de madeira do majestoso e inesquecível “Campo do Bosque! Você que nunca sequer procurou entender que existe um clube de futebol na cidade, você que detesta o esporte, mas que gosta de gente e de coração, que tal um amor incondicionalmente e maravilhosamente burro?

Certamente pouca coisa lhe dará em troca, ás vezes até algumas desagradáveis dores de cabeça (principalmente depois que inventaram o pior horário do século, jogos aos domingos pela manhã) ou estômago. Quem sabe você ganhará um bronzeado tomate no sol que queimará sua pele sem nenhuma piedade. Você também vera muitas vezes a razão para todo esse sacrifício perder jogos para equipes inexpressivas dentro de sua própria casa.

E no fim, depois de toda essa irritante realidade, sua cabeça viajará a um mundo azul e branco e a fantasias por dias melhores.

Cansou das coisinhas sem alma de todos os finais de semana, que tal se juntar a esses loucos apaixonados?

Deu saudades dos anos gloriosos do passado?

Ligue o rádio neste sábado, o jogo será às 19h contra a Itapirense. E domingo próximo cometa o absurdo de não dormir até mais tarde e vá com seu filho (a), amigos, esposa (o), namorada (o), vizinho, professor, ou até mesmo sozinho ao Joaquinzão e conheça um mundo que lá no fundo é bem divertido.

"E sorta o Burro!!!"

6 comentários:

  1. Fala Fabricio, muito bem escrito o texto! Estou ansioso para chegar logo, este ano sinto que a expectativa está maior, talvez pelo elenco e toda preparação.

    Abraço

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  2. Muito bom, Fabrício. Retrata com fidelidade enorme o sentimento que se tem quando se senta nas duras arquibancadas ensolaradas do Joaquinzão. Sortemos o burro!!!

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  3. Sensacional! Eu também acredito no burrão. Sou de Taubaté, não sou a velhinha de Taubaté, mas acredito!

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  4. fabricio, amei esse texto, é a realidd de todo mundo q vive futebol.

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  5. Com esse texto você conseguiu retratar o que realmente acontece no futebol! Muito legal! Gostei muito!

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  6. Demais Fabrício! Essa paixão que bate sem parar no nosso peito ficou muito bem retratada no seu texto. Registro meu amado e saudoso avô, Luiz Cursino, que plantou essa sementinha do amor ao burrão no meu coração! Deliciosos domingos no Joaquinzão na minha infância! Hoje faço questão de ver meus filhos cultivando essa mesma plantinha! Beijo querido! Estaremos lá domingo!

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