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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Tardes de Carnaval

Cheiro de asfalto molhado. O sol bate forte e castiga o meio da tarde, as pessoas estão sorrindo e brincando uma marchinha quase infantil. Na beira da calçada um bêbado feliz cantarola uma canção qualquer, e crianças iniciam uma guerra de confetes e serpentinas em meio a uma pequena e feliz multidão. Não existem conflitos e regras claras para diversão, a festa é de fato democrática e o bloco segue feliz pelo asfalto que aos poucos vai secando, esperando outra chuva daquelas.

Tênis da moda, chinelos e pés descalços, brancos, amarelos, vermelhos, azuis, negros, verdes, carecas, chapéus, foliões. Todos são absolutamente iguais e compõe uma vista simples e alegre, de pessoas, de espíritos que radiam a tal felicidade que todos estão sempre procurando, mas quando acham acabam não a percebendo, por isso são felizes. Assim vai ganhando corpo, ganhando vida um bloco que arrasta gente, sonhos e paixões. A animada banda parece não se cansar, as notas musicais, a percussão, a canção em si invade os corações e inspira beijos e abraços. Até mesmo aqueles mais comportados, nas sacadas de apartamentos ou janelas, dançam daquela forma tímida, mas feliz.

Mais uma vez, a chuva cai e abençoa com o frescor o calor daquelas almas irradiantes. E o cordão popular fica ainda maior, as vozes perdem um pouco o compasso, mas não diminuem a empolgação. A musa dança e sabe que apenas naquele dia, naquele momento, será a grande estrela dos sonhadores e a paixão dos platônicos de plantão. Ela sabe que na quarta-feira, voltará a andar de ônibus e contar os trocados para tentar se divertir. A mesma doce ilusão de cada um dos batuqueiros, e do cantor de voz grave, que venderá filmes falsificados em uma feira popular.

No fim da tarde, alguns irão recolher latinhas, outros limpar o que restou das serpentinas e confetes. Cada folião lembrará com sorriso no rosto dos momentos felizes, outros irão dormir embriagados ou cansados. Os casais irão fazer juras de amor, ou fingirão que não se conhecem, em busca de novas aventuras.

O samba, a marchinha, continuará tocando em outros cantos, em outras praças e salões. A alegria continuará por mais dias e quando chegar à quarta-feira de cinzas sobrará saudades, lágrimas nos olhos, sonhando com tardes de carnaval.

3 comentários:

  1. É Fabrício, o carnaval é tão contagiante, que às vezes percebemos que se passou mais um ano, somente quando a grande festa acaba, parece ser nosso verdadeiro Réveillon... abçs...

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  2. Belíssimas palavras descrevendo bem do que sentimos !! O mais gostoso lembrar de cada sorriso estranho entretanto contagiante tanto de um adulto ou uma criança pois a felicidade de todos nos curtindo SLP e a msm!!!

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