Pela última vez ouviu o barulho das travas em contato com o cimento batido daquele vestiário humilde, sentiu o suor escorrer, a oração aos berros, um Pai Nosso, a Ave-Maria, um por todos, todos por um, nenhum aplauso e algumas vaias. Sentiu o ar quente daquele começo de dezembro, quase a mesma emoção do primeiro dia, mas o joelho gritava, o corpo quase não obedecia e o coração sentia...
A camisa era leve, já havia vestido algumas bem pesadas, daquelas que envergam varal, carregadas de paixão e vida. A dividida e a queda, a ajuda do adversário mais jovem com um olhar admirado, um toque de primeira, a corrida mais curta, conhecia os atalhos, mesmo naquele gramado ruim com uma camisa quase desconhecida. A qualidade na bola parada ainda era a mesma, a precisão parecia ser ainda melhor, na última volta do ponteiro uma falta certeira, seu grito quase em desabafo, o abraço dos colegas e uma satisfação ímpar. Naquele momento não havia mais dores, falta de ar, cansaço ou tristeza, um lindo gol!
Voltou para o segundo tempo, quase não foi mais acionado, acabou sendo substituído alguns minutos depois, ouviu alguém o xingando de algum palavrão... Sorriu, desceu as escadas, e não esperou o fim da partida. Aliás, ele não sabe, não quer saber o resultado. Ele apenas sabe, que amou cada minuto de sua vida, daquele esporte, e dos sonhos realizados e não realizados. Não voltou, parou pleno, feliz, mesmo em um campo ruim, um empate insosso em uma cidade que ninguém lembra o nome.
Nesse último dia, agradeceu aos céus pelo talento e principalmente por não ser um jornalista perna de pau, que sempre sonhou em ser o personagem dessa crônica.
Parabéns meu amigo por mais essa conquista. Amei !!!!
ResponderExcluirEu é quem agradeço! Obrigado!!!
ExcluirTeu texto transmite emoção, parabéns!!!!
ResponderExcluirBem maneiro, rapá. Vem livro.
ResponderExcluirMuito bacana Fabrício.
ResponderExcluirAbraços
Dimas