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terça-feira, 12 de junho de 2012

Amor que acabou virando história

Ela chegou devagar, ele quase não percebeu sua presença, um rápido “oi” e pouco se olharam nos olhos. A noite estava fria, ela sempre mais madura, involuntariamente procurava uma forma de se reaproximar do cara que sabia ser o mais importante na sua vida. Ele não tinha a certeza de tempos atrás, quando ela foi seu grande amor, estava perdido em noites vazias e etílicas, em discos e memórias antigas, em beijos frios e noites de sono.

Seus corações nunca bateram no mesmo compasso, enquanto um estava no bolero, o outro arranhava uma marchinha animada. A vida fazia o possível para que os dois sempre se encontrassem e, por muitos anos o destino tentou fazer sua parte, ambos jogaram contra, cada qual do seu jeito, com inércia e excessos.

Certa vez, em uma cafeteria, ela tomou café e ele, mesmo com frio, tomou uma água com gás. Na mesma mesa, conversaram amenidades, ela continuava estudando e ele escrevendo. Não falaram sobre o passado (que ficou no vento de ontem), tampouco de um futuro inexistente. Não havia sorrisos ou ressentimentos, havia vidas que se cruzaram.

Embora ela mesmo que não saiba, tente sempre estar perto, em busca de segurança, e acredite que a história ainda não acabou. Ele tenta todos os dias se convencer do contrário, ou seja, que se findou o sonho.

O tempo acabou passando, a história ou sonho, seja como for, já havia começado há quase 50 anos. Ela sempre pensa em apresentá-lo aos netos em uma tarde de férias. Ele, sentado na areia da praia, às vezes esquece o caminho da própria casa, mas não de seus olhos de jabuticaba.

O tempo fez sua parte, ambos viveram ainda mais alguns anos, ele foi antes, deixou pouca coisa para a família, para ela diversos registros escritos de um inocente amor. Ela de tão velhinha nem sabia o que eram aquelas folhas, quase esfareladas pelo tempo. Quando deixou o mundo não se lembrava do rapaz.








Um comentário:

  1. Que lindo Fabrício... me emocionei.. Não sabia do blog... Poxa vida.. parabéns... Faz a gente pensar em amor na noite dos namorados de forma como os namorados não querem pensar, pela perspectiva do tempo... O tempo e os amantes não se encontram... rs... mto bom.. bjo e até!

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